quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Poema LXVI

Não te quero senão porque te quero 
e de querer-te a não querer-te chego 
e de esperar-te quando não te espero 
passa meu coração do frio ao fogo. 

Te quero só porque a ti te quero, 
te odeio sem fim, e odiando-te te rogo, 
e a medida de meu amor viageiro 
é não ver-te e amar-te como um cego. 

Talvez consumirá a luz de janeiro, 
seu raio cruel, meu coração inteiro, 
roubando-me a chave do sossego. 

Nesta história só eu morro 
e morrerei de amor porque te quero, 
porque te quero, amor, a sangue e fogo. 

Pablo Neruda
(Retirado de: Cem sonetos de amor)

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